30/06
Para o terceiro dia da viagem (dia 30/06), os estudantes acordaram sabendo que o dia seria mais cheio do que os outros, porém tão interessante quanto. Ao final do dia, teriam visitado o Projeto Tamar, Instituto Baleia Jubarte, Castelo Garcia D’Avila e feito uma pequena trilha de aproximadamente 4 quilômetros em uma área de Mata Atlântica.
A primeira parada foi no Projeto Tamar, organização que foi fundada em 1980, e possui como principal objetivo, salvar 5 espécies de tartaruga que vivem pelas costas brasileiras, todas em risco de extinção. O foco do projeto está em cima das seguintes espécies: Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriácea), Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e a Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivácea). A Tartaruga-cabeçuda foi nomeada assim por possuir uma cabeça grande e uma mandíbula muito forte, a Tartaruga-de-pente possuía seu casco utilizado para a produção de pentes, recebendo assim seu nome, a Tartaruga-de-couro foi nomeada assim por possuir um casco com uma fina e resistente camada de pele, com milhares de pequenas placas ósseas, fazendo se assimilar ao couro, já a Tartaruga-verde recebe seu nome pela sua coloração assim como a Tartaruga-oliva. O principal ponto de diferenciação dessas espécies, é a constituição dos seus cascos, a Tartaruga-cabeçuda, por exemplo, possui seu casco formado por cinco pares de placas laterais, diferentemente da Tartaruga-de-pente (com quatro placas laterais), da Tartaruga-verde (com quatro pares de placas laterais) e da Tartaruga-oliva (com seis ou mais pares de placas laterais). Mesmo com o foco nas tartarugas, o projeto possui como objetivo também, proteger a vida marinha, por isso, ao visitar o complexo, pode-se observar outros animais, como por exemplo o tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum), eles fazem isso pois ao proteger os principais alvos da pesca predatória, se mantem o equilíbrio na cadeia alimentar do resto da vida marinha. O projeto não possui fins lucrativos, e só está em funcionamento graças aos investimentos de instituições, tanto governamentais quanto não-governamentais, um exemplo de um grande investidor do projeto é a Petrobras.

As tartarugas colocam os seus ovos enterrados nas praias, cada desova possui cerca de 120 ovos, porém a cada mil que nascem, apenas uma ou duas atingem a fase adulta. Como as praias são áreas muito atrativas para o homem, os ninhos com os ovos correm vários riscos, por exemplo, quando um carro passa pela areia, ele torna mais difícil para os filhotes saírem de baixo, pois compacta o solo. Outro problema muito comum é a presença da luz artificial, quando um filhote nasce, ele vai para o mar, se guiando pela luz que reflete na água, porém, com o aumento das comunidades litorâneas, muitas tartarugas se perdem no caminho para o mar, acabando indo na direção das cidades, onde morrem por diversos motivos.



Em seguida, partimos para o Instituto Baleia Jubarte, fundado em 1996, com o objetivo inicial de dar suporte para o Projeto Baleia Jubarte (criado para proteger as baleias jubartes da região de Abrolhos, principal berçário da espécie), porém a base do instituto que visitamos só foi implantada em 2001, após uma melhora na quantidade de baleias, com essa nova base, foi possível aumentar a área de ação do instituto. Um grande fator que estava gerando a extinção das baleias era a caça. A gordura e a carne de baleia possuíam um grande valor comercial, chamando uma atenção gigantesca, porém, a quantidade de baleias caçadas estava superando a capacidade reprodutiva desse animal, gerando um processo de extinção.

Depois de receber tanta informação, o grupo estava com fome, então fomos para um restaurante próximo do Projeto Tamar, e os alunos foram liberados para fazerem algumas compras perto do restaurante, durante esse momento, conseguimos perceber a movimentação do comércio da região, com um fluxo relativamente grande de pessoas, e uma variedade de mercadorias típicas da região, inclusive artesanatos dos mais variados.
Com todos alimentados, fomos para o Castelo Garcia D’Avila, considerado a primeira grande edificação portuguesa no Brasil, começou a ser construído em 1551 e se destacou na história da colonização por mais de três séculos, quando foi abandonada em 1835, e foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938. Junto com o castelo, havia uma capela, nomeada atualmente como Capela de Todos os Santos, é a parte mais antiga do castelo, e foi concluída apenas em 1624. Ao ser abandonado, o castelo passou a ser saqueado, exceto a parte da capela, que se manteve intocada. Tivemos a oportunidade de assistir uma aula de um guia local e do nosso querido professor Lacerda.



Ao meio da tarde, partimos para a Reserva Sapiranga, local com mais de 600 hectares de Mata Atlântica e com uma biodiversidade gigantesca. Iniciamos então uma caminhada, com o objetivo de adquirir novas experiências. Ao longo da trilha, percebemos um ambiente mais úmido e quente, e, por causa da quantidade de árvores, ficava difícil a passagem dos raios de sol, gerando uma sensação de que está mais tarde do que realmente está. Ao longo da trilha, encontramos diversas espécies de plantas, entre elas, uma bromélia, que possuía um fitotelmo (depósitos de água pluvial armazenados em estruturas de plantas, como folhas) que tornava possível o desenvolvimento de todo um ecossistema na própria planta, por acumular água, essa bromélia se tornou um lar propício para o desenvolvimento de répteis e insetos. Ao olhar para o chão, percebíamos que o solo era arenoso, logo, pobre em nutrientes, porém, a floresta se auto sustentava com a decomposição da matéria orgânica presente na serrapilheira, como possuía um clima bem quente e úmido, a decomposição era muito favorecida, facilitando a manutenção dos nutrientes do solo.

